A cultura celta foi uma das mais importantes culturas que
predominaram na Europa milhares de anos antes da ascensão e conquista de Roma.
Os celtas surgiram na Europa Central em meados do II milênio a.C. e provavelmente
se originaram dos povos indo-europeus do continente Asiático, na época do Bronze
Tardio e espalharam-se por todo continente europeu a partir da Idade do Ferro.
Os primeiros relatos da existencia dos Celtas na Inglaterra
e Península Ibérica datam de 1000a. C. Começaram a ocupar as margens do rio
Danúbio e Sul da Alemanha a partir de 600 a. C. O avanço das artes e da cultura
céltica aconteceu na Suíça às margens do rio Neuchâtel e em La Téne. A partir
daí entre os séculos III e V a. C espalharam-se por toda Europa chegando à Turquia
e Ásia Menor. Pesquisadores afirmam que os Celtas permaneceram na Irlanda até
a época de Cronwell, mais ou menos no século XVII.
Apesar de terem se espalhado por longas distâncias e países
diferentes, a cultura celta jamais se fragmentou, pois haviam forças maiores
que os unia: a língua, a arte e a religião.
A Religião dos celtas era o Druidismo, uma das religiões mais
antigas do mundo. Na organização da sociedade celta, os Druidas exerciam um
papel fundamental e de maior importância, já que eram os ministros da religiosidade,
guardiões das tradições, cultura e da teologia. O Druidismo eram uma religião
politeísta e seus ritos sempre eram realizados ao ar livre, pois os Deuses jamais
poderiam ser reverenciados em templos feitos pelas mãos humanas e assim a natureza
era reverenciada como a Única forma de atingir a essência das divindades.
A raiz filosófica-espiritual dos Celtas era baseada na reverência
à duas Grande Divindades: a Grande Deusa Mãe e o Deus Cornífero, chamados de
Ceridwen e Cernunos.
Essas duas Grande Divindades garantiam a prosperidade da descendência,
da agricultura, do gado e o sucesso na guerra. O calendário céltico tinha uma
estreita relação com a agricultura e os ciclos sazonais da natureza. O Druidismo
ou a religião céltica pode ser exprimida como o culto à Grande Deusa Mãe, a
própria natureza, em todas as suas manifestações.
Os Druidas ensinavam sobre a arte da agricultura, da cura
com ervas, da caça entre outras coisas. Realizavam as festas ritualísticas em
homenagem as Divindades, além de iniciarem as pessoas nos preceitos da arte
da Magia.
A iniciação nos mistérios druídicos durava em média 20 anos
e os ensinamentos eram transmitidos oralmente, pois temiam que a palavra escrita
pudesse se tornar veículo de Magia incontrolável. Eram versados na adivinhação,
onde utilizavam bastões oculares chamados de coelbren para predizer o futuro.
A classe sacerdotal era dividida entre homens e mulheres,
mais a sociedade era extremamente matriarcal. Originariamente o sacerdócio era
totalmente feminino. As Druidesas eram divididas em 3 classes: a primeira vivia
enclausurada para alimentar o constante fogo da Deusa Brigit. As outras 2 classes
se casavam e eram as principais participantes nos rituais sagrados.
A raiz filosófica-espiritual dos celtas era baseada na reverência
à GRANDE DEUSA MÃE e ao DEUS CORNÍFERO. Os pagãos diziam que o Universo foi
criado à partir do corpo e da mente da Grande Deusa. Ela é o princípio que simboliza
a fecundação e a criação, Mãe de todos os Deuses. Seu filho e consorte, o Deus
Cornífero, representa a fertilização.
Deus Cornífero
Video sobre Wicca legendado
Deus Cornífero
Video sobre Wicca legendado
No final da Idade de Bronze, que data de 5000 a.C. à 2000
a.C., encontramos muitos indícios de culto à Deusa Mãe. Pesquisas arqueológicas
trouxeram à tona diversas obras de arte, da mais antigas, que são representações
humanas do arquétipo da mãe. Estas descobertas se estendem por toda Europa,
África, Escandinávia e diversas outras localidades.
Estatuetas femininas esculpidas em osso, marfim, barro, argila
e pedra representando mulheres nuas com longos cabelos, grandes ventres e seios,
sempre foram encontradas nas proximidades de lugares sagrados e em sepulturas,
significando algo sagrado e de simbologia religiosa.
Foram encontrados também alguns objetos ritualísticos com
desenhos da Deusa, que pela data constatada através de testes com carbono 14,
datam de 500.000 a.C., o que seriam no paleolítico inferior.
A adoração a Cernunos, filho e consorte da Deusa, também era
muito difundida na Europa. Foram encontradas diversas estátuas na Suécia e em
Mohenio Daro, no vale Indo, com representações do Deus Cornífero com galhos
de cervo e cercado por diversos animais.
Os homens primitivos, nossos ancestrais, sempre consideraram
que o poder divino que presidia a criação era feminino e não masculino, como
o cristianismo impôs ao mundo. Torna-se evidente que as crenças religiosas centrais
da Europa envolvia a adoração da Grande Deusa Mãe (a Terra e a Lua) e ao Deus
(o sol).
Com o advento do século XXI e consequentemente da Era de Aquário,
todos estes velhos conceitos estão voltando à tona e ressurge em todo mundo
com uma força brutal as crenças e todo o poder da Magia dos Antigos Celtas.
A bruxaria é a antiga religião dos povos da Europa, que após quase 2000 anos
de exclusão e desaparecimento ressurgiu nos idos de 1940 sob o nome de WICCA,
como muitos usam hoje quando se referem às crenças e práticas de origem pagãs.
Talvez o mais antigo relato sobre a prática e a continuidade
dos cultos da Bruxaria em nosso século, data de 1921 quando Margaret Murray
publicou o livro “The Witch Cult in Western Europe”. Neste livro a famosa e
respeitada Dra. Murray revelou que os cultos pagãos pré-cristãos ainda eram
conhecidos e realizados em inúmeras partes da Europa. Nesta obra, mencionou
que o culta a Cernunos e Ceridwen, os Deuses primordiais dos Celtas, tinha sido
incorporado por inúmeros grupos Neo-pagãos atuantes da época.
Quando Robert Graves publicou em 1948 o livro “The White Goddess”,
a Wicca começou a ser reavivada. Mas somente em 1951, quando a última das leis
inglesas contra a Bruxaria foi sancionada e Gerald Gardner publicou o famoso
livros “Witchcraft Today”, que a Bruxaria explodiu e tornou-se uma religião
oficial, constitucional e reconhecida por toda a Inglaterra e de lá imigrou
para todo o mundo.
Desde 1979 o interesse pela Bruxaria cresceu incrivelmente,
podemos notar isto através dos vários livros sobre o assunto que foram publicados
desta época para cá nos EUA e na Europa.
A Bruxaria tornou-se muito conhecida e professada entre os
europeus e norte americanos, porém, nos últimos dois anos houve um crescente
interesse pela Bruxaria no Brasil.
A Magia Wicca surgiu no neolítico nas regiões européias entre
os povos da Irlanda, Inglaterra, País de Gales, percorrendo os povos da Itália
e da França. O povo Celta, ao invadir a Europa, trouxe suas crenças nativas,
que se mesclaram ao conjunto de crendices da população local, dando assim início
às práticas Wiccanianas. Apesar da Wicca ter criado raízes entre o povo Celta,
é de suma import6ancia ressaltar que a Bruxaria é anterior à estes povos.
A palavra Wicca vem do saxão witch ou do inglês arcaico wicce
que significa “girar”, “moldar”ou “doblar”. Alguns estudiosos porém, afirmam
que esta palavra vem da raiz germânica wit que quer dizer”saber”. Deduzimos
daí que a palavra Wicca significa a “A SABEDORIA DE GIRAR, DOBRAR E MOLDAR AS
FORÇAS DA NATUREZA AO NOSSO FAVOR”, um dos objetivos da Bruxaria.
Assim como na crença Celta, na Wicca existem duas forças primárias
que são veneradas nos rituais, sortilégios e petições: A Grande Deusa Mãe e
o seu filho e consorte o Deus Cornífero, um ser meio homem, meio animal, responsável
pelos rebanhos e pelas florestas.
A Deusa é o princípio da feminilidade, da fecundidade e da
criação. Seu símbolo é a Lua e na Bruxaria ela é a detentora de 3 personalidades
e 3 faces que representam o presente, o passado e o futuro; as 3 fases da Lua
que são veneradas – Crescente, Minguante e Cheia; os 3 ciclos da vida – Juventude,
maturidade e velhice; as 3 cores sagradas da Bruxaria – branco, vermelho e preto.
A Deusa é a Grande trindade feminina de Donzela, Mãe, Anciã, tão comum nas mitologias
de várias culturas antigas.
A Wicca é uma filosofia mágica de vida baseada nos ciclos
da natureza, incluindo várias formas de Magia Branca e rituais para harmonização
pessoal, através das forças da natureza, envolvendo o poder das fases lunares
e da 4 estações do ano. Como representação primordial do ressurgimento Pagão
numa versão moderna, revive o culto à Grande Deusa e aos Deuses Antigos através
de rituais, quase esquecidos, de nossos ancestrais.
A Bruxaria foi muito deturpada através dos tempos, principalmente
pelo clero da igreja Católica que se sentiu ameaçada pelo seu poder, já que
o Paganismo era a religião oficial da Europa, antes da chegada do catolicismo.
Devido à forte influência da Bruxaria entre os europeus, a igreja promoveu a
“Caça às Bruxas”, através da Santa Inquisição.
Em 330 d.C., o cristianismo foi estabelecido e imposto como
religião oficial. A partir daí, muitos dos velhos rituais e Deuses que eram
venerados foram abandonados. A aristocracia, sedenta em querer dominar a população
e adquirir riquezas uniu sua força ao poder político da nova religião. Mas os
camponeses, os verdadeiros pagãos se recusavam veementemente em aceitar a religião
cristã e se o fizeram foi por extremada imposição. Mesmo assim, nunca abandonaram
seus ritos, práticas mágicas e continuaram a cultura seus Deuses.
Na idade média, a bruxaria foi colocada em segundo plano e
marginalizada pela igreja católica. O objetivo principal da Inquisição era acabar
de vez com as crenças wiccanianas, que eram ameaçadoras à nova religião que
se preocupava muito mais em enriquecer e acumular fortunas do que levar ao mundo
o evangelho.
Em nenhum momento a bruxaria foi uma religião maligna ou que
cultuava os poderes do mal, mas apenas uma forte crença arraigada no coração
de todos os antigos europeus e que precisava ser eliminada à qualquer custo
pelo cristianismo que crescia.
OS sacerdotes do início da era cristã adaptaram diversos rituais
da Bruxaria, anulando desta forma o Culto Pagão pela absorção. Assim, mesmo
que de forma disfarçada ocorreu um sincretismo religioso, e massacrando as Divindades
e crenças antigas a religião católica ganhou forças e dominou o mundo.
A Wicca tenta trazer novamente ao conhecimento público os
rituais antigos. Hoje nada pode ocorrer além disso, pois muitos dos segredos
que a envolviam foram perdidos quando a Bruxaria era considerada crime. Hoje
também não existe mais uma linhagem de Sacerdotes como antigamente, mais sim
pessoas normais que praticam rituais antiquíssimos cuja origem se perde no tempo.
A Wicca é a prática mais antiga do mundo, a mesma que inspirou
os homens a gravar caracteres rupestres nas cavernas. Por ser uma filosofia
centrada na natureza e realidade de vida primitiva, muito do que se era praticado
foi adaptado. Porém sua essência não foi perdida e suas práticas possuem tanta
eficácia quanto às que eram praticadas no Neolítico.
A Wicca prega a liberdade de ação e expressão, ensinando o
homem a compreender sua verdadeira relação com a Terra e com o que a envolve,
pois segundo a crença pagão os Deuses se manifestam através de todas as coisas.
Celebrando os ciclos da natureza, as estações sazonais, as
fases da Lua, os poderes do Sol e das estrelas, os Bruxos realizam seus ritos
mágicos e adoram as duas grandes forças polares do Cosmos manifestadas como
a Deusa Tríplice do Círculo do Renascimento e o Deus Cornífero, o fecundador
da Vida.
Os Bruxos e Bruxas da Magia Wicca acreditam que essa Deusa
e esse Deus estão presentes dentre e fora de nós mesmos, por isso todas as formas
de vida devem ser respeitadas como expressão da Grande Divindade. Acreditando
que a Terra é a própria manifestação da Deusa, nós Bruxos amamos e cultuamos
a natureza ao contrário da maioria das crenças patriarcais que fizeram dos homens
os maiores exploradores da Terra, colocando-os contra a natureza.
Na atualidade onde dificilmente há lugar para expressão dos
valores femininos e onde não existe qualquer figura feminina como caráter sagrado
principal, a perspectiva matrifocal da Wicca contribui para o seu crescimento,
tanto junto aos homens como das mulheres.
A cada dia mais e mais pessoas se voltam às práticas Wiccanianas,
já que a Bruxaria é uma filosofia adequada às crises ecológicas, psíquicas e
espirituais do homem moderno. Hoje centenas de milhares de pessoas vêm participando
freqüentemente de Sabás, Esbats e rituais específicos da Bruxaria. Além disso,
a procura por cursos e informações sobre a Wicca cresceu enormemente.
A Wicca prega o amor incondicional à natureza e por isso tem
muito a oferecer ao homem da atualidade que se encontra perdido em meio ao avanço
científico e tecnológico.
(TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO: Wicca – Ritos e Mistérios da Bruxaria
Moderna, AUTOR: PRIETO, Claudiney/ EDITORA: Germinal/ ISBN: 85-86439-05-3)
Runillon
Wicca é uma religião. Não é uma seita, tampouco
um culto. A tradição, como é chamada, é uma religião de natureza xamanística,
que a priori enfoca a natureza, a mulher e o homem. A Wicca - nome dado a arte
da feitiçaria moderna - como religião, integra o paganismo atual ou movimento
neopagão, como muitos preferem chamar, contudo sua origem está no período paleolítico,
o que o torna uma fé pré-cristã. Vale lembrar que o paganismo não se opõe e
nem nega qualquer outra religião. O próprio termo o define como fé naturais
e nativas.
Algumas observações sobre o pensamento pagão:
1 - A divindade é imanente ou interna, bem
com transcendente ou externa: "Você é deusa"; "Você é Deus".
2- A multiplicidade de deuses e deusas são
facetas, arquétipos de como melhor se comunicar com a força viva do todo pela
personificação em partes - cria-se um elo maior com o todo criando uma conexão
do amor com uma deusa chamada Afrodite, do que simplesmente usar uma face única
chamada Deus. A Wicca é monoteísta, personificando a visão do todo em partes
para criar mais laços com o seu próprio microcosmo.
3- A vida é para viver repleta de alegria,
amor, prazer e humor. Os conceitos ocidentais de pecado e retribuição divina
são considerados distorções das experiências de crescimento.
4- Com treinamento e intenção apropriados,
as mentes e os corações humanos são capazes de realizar toda magia e milagres
de que necessita.
5- O mínimo de dogma e o máximo de ecletismo.
Os pagãos relutam em aceitar qualquer idéia sem uma investigação pessoal e que
desejam adotar e usar qualquer conceito que considerem útil, independente da
origem.
Os adeptos da religião Wicca são chamados
de Wiccans - o termo Wiccanianos - é uma infeliz tradução - ou bruxos. Os Wiccans
não aceitam o conceito de pecado original ou do mal absoluto, não acreditam
num céu ou num inferno, mas somente naqueles que são as suas criações próprias.
Os Wiccans não cultuam os diabos, demônios
ou qualquer entidade criada pelo cristianismo, tampouco acreditam na existência
do demônio. Como a história claramente comprova, era comum o fato de deuses
e deusas de uma religião serem transformados em diabos e demônios da seguinte.
O diabo é um instrumento de propaganda antipagã inventada pela Igreja Cristã.
Ele nunca existiu na bela literatura escrita antes do Novo Testamento. A arte
é uma religião pré-cristã que já existia há muito tempo antes da Igreja ou do
seu conceito de Satã. O diabo é estritamente parte do sistema de crença cristão
e não da religião telúrica e de amor à natureza de Wicca.
Como religião, a Wicca possui aqueles que
seguem os seus conceitos e celebram os solstícios e equinócios entrando em equilíbrio
com a Mãe Natureza e os sacerdotes que além disso buscam um aprofundamento maior
na sua introspeção, no estudo da magia, no estudo da arte da divinação, na estudo
das ervas medicinais, enfim, nos estudos místicos para habilitar-se a realizar
casamentos, batizados, aconselhamentos, curas do corpo e da alma. Conheço muito
bruxos e bruxas que nunca realizaram magia.
Por isso, tabus como a bruxaria lida com o
diabo, com magia negra (como se existisse cor), mata criancinhas, vive em grupos
secretos não revelando que são bruxos e inúmeros outros devem ser desmistificados
para não continuarmos ofuscados por superstições e crendices como na Idade das
Trevas, no fim da Idade Média. Por fim, cabe explicar que não faço consultas,
leio sorte, etc. Apenas me disponho a orientar no que puder aqueles que gostariam
de aprofundar-se um pouco mais na tradição.
Ameu o texto... Parabéns, muito bem explicado ❤
ResponderExcluirÓtimo mesmo! Vc poderia indicar uma bibliografia? Parabéns e obrigado!
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